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Acusado de ter firmado um contrato de aluguel de carros no valor mensal de R$ 18 mil para vereadores de Mata Grande, no Sertão de Alagoas, sem que nenhum veículo fosse utilizado pelos políticos, o ex-presidente da Câmara daquele município, Júlio Brandão, foi condenado pelo Tribunal de Justiça.
Além do ex-vereador, também foram condenados por integrarem o mesmo grupo criminoso, o vereador reeleito Joseval Costa (MDB), o segundo mais votado com 1.106 votos, além dos ex-vereadores Diana Brandão, José Jorge e João Sérgio. A sentença aplicada foi de onze anos e quatro meses de prisão, em regime fechado.
As investigações, em 2018, do na época Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE-AL), sobre os contratos fraudulentos de locação de veículos, também citaram o ex-prefeito do município entre os anos de 2009 a 2016, Jacob Brandão, que é irmão do ex-presidente da Câmara, Júlio Brandão.
As investigações apontaram que, em apenas dois anos enquanto estava como presidente do Legislativo de Mata Grande, teria havido um desfalque equivalente a R$ 6 milhões, o que daria para comprar cerca de 130 veículos. Do valor pago pelos supostos serviços, 60% eram divididos entre Jacob Brandão, os donos das empresas e possíveis atravessadores. Os outros 40% ficavam para quem sublocava os veículos.
Isso somado a outras fraudes, também investigadas pelo MPE, teria provocado um desvio de mais de R$ 12 milhões dos cofres públicos, enquanto os estudantes do município eram levados para a escola em caminhonetes.
Além dos irmãos Brandão, outras 11 pessoas também foram presas naquele ano.
Consta no processo número 001225007.2018.8.02.0001, que o esquema de contratos fraudulentos montado por Júlio, que foram usados como fachada para o desvio de dinheiro público, beneficiaram diretamente alguns vereadores e outras pessoas envolvidas, entre elas o cantor Max David Moura Rodrigues, cunhado de Jacob Brandão. O artista foi acusado de ter recebido R$ 25 mil em 2015, supostamente provenientes de um contrato fraudulento entre a empresa E. P. Transporte e Serviços Ltda e o Município de Mata Grande.
Embora a decisão ainda seja passível de recurso, os réus já se encontram inelegíveis, o que deve ter impactos significativos no cenário político de Mata Grande.
Mata Grande, que elegeu este ano, pela primeira vez em sua história, uma mulher prefeita, a ex-secretária municipal da Educação, Fal Farias (MDB), eleita com 7.728 votos, irá suceder o prefeito Erivaldo de Melo Lima, o "Erivaldo Mandú", responsável pela escolha de Fal.
Mandu, que já foi vice-prefeito de Jacob Brandão, foi preso em 2017 quando foi filmado pagando propina a vereadores em troca da aprovação de projetos de interesse do Município. Segundo o MPE, o prefeito teria pago mensalinho no valor de R$ 7 mil a quatro vereadores em troca da aprovação de Projetos de Lei. Também tiveram as prisões decretadas naquele ano pela Justiça os vereadores Joseval Antônio da Costa (PP) e Teomar Brandão (PP).